Uanhenga Xitu – O Mestre ´´Tamoda´´
Se estivesse vivo neste ano, neste mês Agostinho André Mendes de Carvalho o autor de ´´Os Discursos de Mestre Tamoda´´ completaria 95 anos. Nascido a 29 de Agosto de 1924 em Icolo e Bengo, tinha como pseudónimo literário ´´Uanhenga Xitu´´, há quem diga que Uanhenga Xitu não é pseudónimo, pelo contrário é seu nome em Kimbundu (Língua regional Angolana) e significa ´´ Carne Pendurada´´.
O conceituado escritor Angolano venceu o Premio Nacional de Cultura e Artes em 2006 na categoria de Literatura, tendo vários livros publicados tem sido objeto de estudos literários. Para lá da literatura Uanhenga Xitu também foi Enfermeiro e Deputado á Assembleia Nacional, Ministro da Saúde e Embaixador da Republica Popular de Angola na Polonia.
Homem de cultura e exímio contador de histórias deixa seus livros na lista dos melhores da história literária de Angola.
Relata-se que começou a escrever na Cadeia tendo sido influenciado por dois monstros da literatura Angolana, António jacinto e António Cardoso.
´´Mestre Tamoda´´ é sem dúvida uma das suas grandes obras a par de ´´O Ministro´´, nesta obra vimos um cidadão da era colonial bastante instruído e conhecedor da cultura Europeia (diga-se Portuguesa) ou como se dizia ´´assimilado´´.
- ´´Senhor desculpa. A gente está a ver só pessoa-que-passa, pessoa-vai, pessoa-que-passa, pessoa que-vai mas cada veji pode ser nosso filho que não conhece mais a gente. O senhor favor dizer só, se você é de onde é?´´
- ´´Sou cidadão Tamoda que veio atender petição de Excelência Administrador e Juiz Instrutor, por causa das facultagem imponente da craveira sapiencial do Tamoda.”
Do livro ´´Mestre Tamoda´ ´página 16
A 13 de fevereiro de 2014 por doença prolongada, falece aos 89 anos Uanhenga Xitu o escritor que a muitos inspirou e continuará a inspirar.
CJ-O e a equipa de Gentes e Perfis endereça a família enlutada os sentidos de profundos pesares e passa a citar Maria de Fátima (Chó do Guri) autora de ´´Morfeu´´ falecida em 2017:
´´Homens como tu nunca morrem, desaparecem fisicamente e dão lugar a outros homens com o mesmo exemplo´´
Maria de Fátima (Chó do Guri) In ´´Morfeu´´ (2000)
Isto não é poema
É o meu grito de angústia
Na boca do povo em algazarra
É lamento na rua
“é lambula, lambula, lambulééé...”
Como um cântico à desgarrada
…
“Agarra o ladrão, agarra o ladrão, agarro
ladrãoééé...”
…
Isto não é poema
É lamento
É o cântico sofrido de um discurso sem fim
“é lambula, é lambula, é lambulééé...!
Menos preço, menos preço, menos preçoééé...!
Agarra o ladrão, agarra o ladrão, agarra o
ladrãoééé...!”
Maria de Fátima (Chó do Guri) In ´´Morfeu´´ (2000) |
Por:
Edgar de Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário